Cutucou a amiga. “Ele não tira os olhos de mim. Repare só!”. Com efeito, o simpático segurança do supermercado a observava e, quando percebeu que elas retornavam o olhar, tentou disfarçar. “É timidez” exclamou. Com o rabo dos olhos percebeu que ele novamente a observava. Estava acostumada a olhares de admiração, pois, alta, esbelta, no esplendor de seus vinte anos, embora fosse um pouco gordinha, não era de se jogar fora. E também estava interessada nele.
Demorou-se mais do que devia no supermercado. Apanhou algumas mercadorias. Depois mudou de idéia, trocou-as. Só para retornar ao balcão dos laticínios onde o segurança a estava “paquerando”.
De vez em quando retribuía os olhares do rapaz, mas, este, tímido, não ousava enfrentá-la e desviava os olhos para mais além. Pensou em lhe entregar um bilhete para quebrar o gelo e ajudar a sua excessiva timidez. Resolveu deixar para uma hora mais oportuna. Amanhã teria de fazer mais umas compras, sozinha, e então o abordaria. Foi então que ela e a amiga resolveram se retirar. Estava feliz e com o coração leve.
Foi quando o segurança que a “paquerava” interpelou-a rispidamente e com determinação falou:- “Minha senhora, por favor, deixe-me revistar o que está levando nessa bolsa!”.